029 – 23 de abril – “De Canalha a Herói”, de Giovanni Bianchi


 O menos significativo dos filmes de Roberto Rosselini inspirou esse ensaio, igualmente pouco divulgado [mas não destituído de interesse], que hoje se publica em 2ª edição, comemorativa (Milano, 2019), e que saiu originalmente no mesmo ano do filme [1959]

O comunista duro-na-queda e crítico de cinema Bianchi tomou o filme do lendário cineasta [que teve o banal título de Il generale Della Rovere] para se aprofundar na questão do bem e do mal.

O filme se passa na Gênova ocupada pelos nazistas. O anti-herói da trama é um canalha, mesquinho e vil – mancomunado com um nazista corrupto, prendem pessoas para extorquir suas famílias. Um dia passa dos limites e é preso. Por coincidência, um chefe da resistência chamado Della Rovere é morto. Ninguém conhece seu rosto. E o oficial nazista faz com que o canalha se passe por Dela Rovere, para denunciar pessoas da resistência.

E ocorre a transformação – o farsante [fingindo ser líder dos resistentes], passa a fingir cada vez menos e a ser líder mesmo. No final é fuzilado pelos nazistas e se torna herói.

Em Dal Mascalzone All'eroe [o título original da obra] Bianchi discute se isso é mesmo possível – se em cada canalha existe a semente de um homem digno. Analisa o bem e o mal – e para tanto busca elementos desde Sidarta até Jesus. Conclui que a resposta é dupla e dúbia: em cada canalha existe um herói – e vice-versa. O que não deixa de ter um toque de Yin-Yang. E [termina o autor] não precisa ser um problema, desde que decidamos que não o é.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

028 – 22 de abril – “A História dos Inexistentes Espiões”, de Ludwig Philby

027 – 21 de abril – “Eisoptrofobia”, de Vicente Bioy-Gonzales

004 – 22 de março – “Querido, você esqueceu o filme-a-cores!”, de David Braunschweig