028 – 22 de abril – “A História dos Inexistentes Espiões”, de Ludwig Philby


Ludwig Philby não é pseudônimo: seus pais [fanáticos por histórias de mistério] deram a ele o nome [sempre misterioso] de Ludwig, e o de velho espião inglês chamado Philby. Isso poderia parecer o mais aventuroso na vida do escrevente do Escritório de certificação de carne na República da Moldávia, que, para completar a normalidade, casou e teve uma filhinha berrante a quem esquenta mamadeiras de madrugada.

E no entanto seu segundo livro Istoria Spionilor Inexistenți [A História dos Inexistentes Espiões] tem muito a ver com o autor. Sua tese é de que os espiões não são loirões altos, cercados de modelos da Victoria´s Secret e Lamborghinis envenenadas. Um grande espião é um tipo verdadeiramente esquecível – não se destaca por nada. São esses os que nunca são pegos. Ludwig dedicou suas noites [antes do nascimento da menina, pelo menos] ao passatempo de pesquisar a vida deles, e a abertura dos arquivos da velha KGB na Moldávia o ajudou.

Não se  trata de leitura emocionante, porque os personagens não o são. Uma era babá em casas de autoridades; outro fritava empadas no bar de algum Congresso, e um terceiro era adolescente imprestável viciado em games que passava horas na praça em frente a certo Ministério da Defesa, e a quem os soldados se afeiçoaram e para quem compravam cachorros-quentes. E assim por diante.

Surgiu um rumor [que mereceu nota no jornal Sputnik Moldova] de que, normal como era, Ludwig só podia ser um espião. Contra essa acusação o escritor não conseguiu argumentos.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

027 – 21 de abril – “Eisoptrofobia”, de Vicente Bioy-Gonzales

004 – 22 de março – “Querido, você esqueceu o filme-a-cores!”, de David Braunschweig