032 – 01 de maio – “Beijando espelhos”, de JD Stone
Kissing mirrors não é de livro
de moda (Vancouver, 2019, Hyomin Press – e a escolha de editora especializada em
traduções do coreano se explica a seguir). Tampouco JD Stone é nome – trata-se de pseudônimo tão grosseiro que só se admite
se se pensar que se queria que fosse percebido como pseudônimo. Consiste em obra
tão delicada como se pode imaginar que seja seu autor.
Mistura de romance, livro de memórias e ensaio, “Beijando...” começa com
um improvável encontro entre um jovem produtor musical canadense e uma jovem dançarina
profissional de Seoul – inevitavelmente uma kpopper.
Eles a ensaiar no mesmo estúdio – ele a se exercitar obsessivamente no teclado e
ela a repetir exercícios de aquecimento de dança. Paravam para o café. Ele [JD]
se disse jovem fanático por línguas e instrumentos e mais nada. Ela [Sinb] a segurar
a xícara com as duas mãos dizia o mesmo da dança. E voltavam a treinar, cada um
do seu lado.
Inevitavelmente saiu daí uma história de amor. JD descobriu: Sinb era solitária,
fanática pelo que fazia, sentia-se entediada na companhia das outras dançarinas
[e de todas as outras pessoas em geral], arrependia-se pelo passado e temia pelo
futuro. Em outras palavras – diz na página
98 – ela era eu. Eu de saias. Apaixonara-me
por um espelho.
Segue-se uma discussão se nos apaixonamos pelo outro ou por uma parte de
nós mesmos que vemos no outro. O que levaria a uma controvérsia se o amor realmente
existe. O último capítulo se chama significativamente Amo-te espelho.
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