025 – 18 de abril – “A Noite Lisboeta de Ulrich Moosbrugger ”, de Musil Remarque


O prefácio deste livro [talvez tão fake quanto o próprio] afirma que, no lançamento da primeira edição do mesmo [exatamente a 18 de abril de 1974], estavam presentes o presidente do conselho de ministros Marcello Caetano e o General António de Spínola no salão do Café Ocara, em Lisboa.
De fato, a presença de líderes do fascismo decadente não seria despropositada no livro relançado hoje ao pé da estátua de Dom José I na mesma Lisboa – já que uma pesquisa sobre onde seria o tal do Café resultou infrutífera [se é o café também não é fake].
Não são incomuns livros de gente fingindo ser escritor famoso – mas fingir ser dois ao mesmo tempo constitui novidade. Esse curioso livro consiste nas aventuras de um cara que não sabe o que fazer da própria vida durante uma noite em Lisboa em 1942.
1942 – auge do fascismo, e o herói [antifascista] foge da Gestapo enquanto remói equações diferenciais e se envolve com mulheres – todas erradas, desde aristocratas cabelinho-nas-ventas até maníacas-por-aquilo. E termina num navio para Nova Iorque – o que, pelas limitações da época, é um Happy End.
Não é difícil perceber que se trata de uma mistura de O Homem Sem Qualidades, de Robert Musil, e Uma Noite em Lisboa, de Erich Maria Remarque, em pseudônimo que sequer disfarça. Como toda mistura, resulta não ser boa. O livro clama que em seu 1º lançamento o general e o ministro tiveram discussão que levou à queda do regime uma semana depois. Se for assim, a obra teve ao menos essa utilidade.


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