017 – 5 de abril – “eu sou a loura – uma biografia da Baronesa Eloísa D´Herbil da Silva”, da própria


Por muito tempo e desde sua primeira edição em 1944 foi considerada esta uma obra de ficção. A história de: uma aristocrática jovem nascida em 1852 em Havana, Cuba; filha de Barão e Duquesa; sucesso como menina-prodígio ao piano em cortes europeias; com nome claramente abrasileirado (chamava-se Eloísa D´Herbil de Silva y Barboza); e que, de quebra, compunha tangos, parecia demasiado romanesca para ser real.

E no entanto o era. Desde um pioneiro artigo na revista Club de Tango em 1992 acredita-se que Yo soy la rubia, reeditada hoje pela editora Emefe de Buenos Aires, com prefácio dos editores do Página 12, revela as memórias de uma pessoa bem existente.

A música marcou, é claro, a vida da Baronesa. A música e as dificuldades – não pouco aumentadas pelo fato de gostar de música de bêbados, mandriões, vagabundos de porto, mulheres de aluguel, tatuagens e vinho de terceira – em outras palavras, por gostar de tango.

Eu sou a loura é o título de seu maior sucesso. Sequer é necessário ouvi-la para saber do que se trata. Ela é a loura, a outra, a infiel, a vagabunda, a destruidora de lares. Que conta sua [inevitavelmente] triste história – de abandono, solidão e bons sentimentos – por trás da hipocrisia da sociedade, oculta-se uma pessoa magoada e que só deseja o verdadeiro amor.

Tal tema [é claro] gerou alguns spin-offs – entre eles um Yo soy infiel, de um grupo espanhol tolamente denominado Ole Ole – e cantado por uma vocalista que sequer é loura – aliás, só o é quando pinta o cabelo.

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