003 – 21 de março – “Katie Dear”, de Nelson Ken
Não é necessário ser punguista, gigolô, assassino, prostituta de
bordel, drogado, presidiário ou jogador depressivo para se tocar música country
– but it certainly helps! – Esta frase, vergonhosamente plagiada por ou
plagiada do volume “Os 1001 Discos para se ouvir antes de morrer” (página 26 da
edição brasileira) fecha e abre Katie
Dear – relançado hoje [inevitavelmente em Nashville] pela Rootledge como Pièce de résistance da sua coleção Rootledge Classic Country, que depois da
fraqueza dos últimos lançamentos bem que necessitava upgrade.
Esse romance [na verdade um
relançamento com correções] replica uma canção de mesmo nome lançada nos anos
50 pela dramática dupla de irmãos Ira e Charles Louvin. E dramático é bem o
termo, não só de suas vidas como de suas canções. Katie Dear regurgita de delegados barrigudos e corruptos, pastores
hipócritas, pais alcoólatras sempre dispostos a descer a pancada nos filhos, mães
cúmplices, tias com amantes, jornalecos secos por sangue e escândalo, tudo
temperado pela falta de dinheiro.
E no meio de toda essa miséria,
as únicas pessoas minimamente humanas, a inevitável Kate e seu noivo, decididos
a ficar juntos apesar da oposição dos pais e do universo. E como em Verona de
Shakespeare e na música country, nada termina bem.
Parafraseando, pode-se dizer que
não é necessário estar bêbado para se ler o romance Katie Dear – mas um litro de Jack Daniels, ou, na falta dele, até
uma Ypioca – ajudam bastante.
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