030 – 24 de abril – “Os games da vida”, de Lorenzo Perez-Martinez


24 anos, um tanto alto, magrela, misto de sardas e espinhas, e com um rosto que parece desconhecer a existência da luz solar, [além da namorada nerd de cabelos verdes] Lorenzo Perez-Martinez tem muito do arquetípico gamer. No entanto o mais jovem dos professores-auxiliares da Universidade Tecnológica de Buenos Aires fez obra não isenta de aprofundamento. Que poderia ser sido escrita em Bangkok, Amsterdam, Verkhoyansk ou Irauçuba – tanto que a cultura digital impregnou o mundo.

O jovem professor evidentemente não adere ao coro os-games-são-a-desgraça-do-mundo. Também [e talvez surpreendentemente] não lhes faz apologia. Em vez disso coloca-os como uma extensão [mais tecnológica, é fato] do que sempre aconteceu.

Para o autor, todos os humanos vivem um game. Para o marido traído, nenhuma mulher presta [todas as cerca de 3,7 bilhões]. E isso é real – para ele. Ele se move em um mundo de safadas sem caráter, a defender-se delas – tanto quanto o gamer foge dos raios alfa-laser de seres de três olhos e tentáculos violeta que querem destruir a Terra. O mesmo ocorre com a mulher abandonada, ou com o que foi atacado por cães – passam a viver em um mundo hostil, que pode não ser real para outros – mas para eles o é. E muito.

E essa é, para Lorenzo, a essência de um game. Não é tecnologia – essa é mero sustentáculo. O gamer vive em mundo próprio, às vezes pior que o real. O autor não tira conclusões morais a respeito. Se isso é mau, e se se deve fazer algo a respeito, o autor silencia.

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