023 – 16 de abril – “Três – alguns - corpos”, de Jennifer H. Smith
Não faltou audácia à advogada novaiorquina em publicar uma parte de sua
vida nos anos 70 em um lugar esquecido-por-Deus chamado Wooster, Ohio.
Havia muito de comum em Jennifer Smith, a começar do nome e a continuar
das sardas no rosto. Na High School passava
despercebida. Assim como seus dois amigos, que ela chama de Robert e Daniel.
Robert dominava vários instrumentos e ganhara alguns concursos de guitarra
– embora detestasse competições. Daniel apaixonara-se por cálculo diferencial –
nerd avant-la-lettre.
Os dois amigos adotaram, por assim dizer, a menina sem graça. Ela os divertia,
como sócia menor dessa trindade. Saíam da classe juntos, dividiam a mesma mesa na
cafeteria e eram sempre os dois que a deixavam em casa.
A sócia menor cresceu. Com a ajuda deles, as notas dela subiram para a
estratosfera e tornou-se o orgulho da família. E eles dois passaram a achá-la bonita.
O livro cresce em fogo lento até um momento em que saem do cinema. Ela
agarra as mãos dos dois, que gelam - e parecia
que todo o shopping nos mirava. Em
mesa de lanchonete, Jennifer beija as mãos deles [eles com olhos de Cocker spaniel]. Um muge algo como Please, don´t, Jenn, e o outro idem. E em meus olhos eles viam luxúria, diz na
frase final do livro.
Anticlimático, talvez frustrante para algum leitor, Three – some – bodies deixa um bocado para
a imaginação. Fica ao leitor construir o que aconteceu entre três adolescentes,
depois do shopping, em uma cidade esquecida-por-deus
sabe-se lá aonde.
Comentários
Postar um comentário