021 – 9 de abril – “A Tese da Inexistência de Barbosa de Freitas”, de José F. Nobre


Essa obra [que semelha ser o esboço de uma Dissertação de Mestrado, jamais defendida] não chegou a ser publicada – constou de um blog cultural nos últimos dias de março, sendo depois distribuída [em edição pdf] por alguém com um e-mail [possivelmente o autor] a pessoas que considerou que pudessem se interessar.

Não se trata de assunto que vá abalar o mundo – talvez o faça no entanto ao Departamento de Trânsito de Fortaleza, que talvez tenha de mudar o nome de uma das principais ruas do bairro afluente da cidade.

Antônio Barbosa de Freitas nasceu em 1860, filho de uma infidelidade. Rejeitado por isso, sentiu cedo a hipocrisia das gentes. Vindo para a cidade grande, gastou sua vida em lupanares e mesas de bar, entre mulheres de aluguel, malandros e tipos sem noção, afundando-se na bebida e escrevendo versos sobre barricas de bacalhau.

Não é preciso ser especialista em literatura romântica para prever que contrairia tuberculose. Ele diligentemente o fez, e morreu entre hemoptises em hospital para indigentes.

José F. Nobre sustenta que o poeta nunca existiu, sendo na verdade uma vida imaginária, criada por algum escritor burguês e barrigudo do rico bairro da Aldeota para compensar a vida romântica que nunca teve. Em verdade, José F. Nobre também não existe – nunca se ouviu falar dele nos meios culturais da cidade. Pode-se especular que esse F. seja de Freitas, o que o faria descendente do biografado – embora isso também possa ser por demais romântico para ser verdadeiro.

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