016 – 4 de abril – “O mau estilo faz o grande homem”, de Freitas Ramos
O título do pequeno livro lançado hoje pela Nova Dazibao faz eco a frase perdida de autor bem mais famoso. O
primeiro filósofo brasileiro Raimundo de Farias Brito registrou-a na sua Base Física do Espírito, página 170, em
sua forma completa: O mau estilo fez o
grande homem – trata-se de um que venceu por seus defeitos.
Não se sabe se Freitas Ramos copiou essa frase de Farias ou o inverso é
que é verdadeiro. De fato sequer se sabe muito sobre Freitas Ramos - com exceção
de doze sonetos publicados em jornais cariocas da época e de um abstruso Tratado de Pneumatologia Matemática – no
qual intentou provar a existência do Espírito Santo através de cálculos.
O Mau Estilo... tenta mostrar que não as
virtudes, mas as falhas que levam ao sucesso. Exemplos não faltam: do baixinho
Napoleão, que pisava em minhocas e mandava mil homens para a morte com os
mesmos problemas de consciência, a Giacomo Casanova, que quanto mais mentia
desbragadamente mais conseguia garotas, passando por Beethoven, notório caloteiro
de aluguéis [pouco importando se era a única fonte de renda de alguma velhinha]
– a história mundial regurgita de bem-sucedidos pilantras.
Em época de senhores bem pouco amáveis chagando a cargos importantes,
não se pode afirmar que é tema ultrapassado. Resta saber como melhorar a situação
da virtude. O autor prometeu relatá-lo em uma continuação do livro – hoje perdida.
E diante da situação do mundo. Não se pode deixar de lamentá-lo.
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