010 – 28 de março – “Sobrenome Cinderela”, de Hanne Ingeborg Askepott



Sobrenome Cinderela surpreende. Até mesmo pela [relativamente] pequena repercussão dada a esse lançamento não isento de qualidades. Apenas uma entrevista de meia página na Gazeta de Trondheim (Trondheim Gazette) deu-lhe o destaque à obra – que a autora decidiu lançar hoje, seu 26º aniversário.

Não se trata de obra de ficção. Seu próprio nome no original em norueguês dá uma pista – Etternavn Askepott [o título do livro na língua norueguesa] foi motivado pelas experiências pessoais da autora – de fato, ela se chama, literalmente, Cinderela [Askepott]. O inevitável bullying experienciado ainda na escola a  motivou a escrever não só sobre as esperáveis gozações no recreio mas pelo significado – para a autora, Cinderela se trata de um emaranhado de símbolos – tanto mais sedutores quanto difíceis de decifrar.

Uma bela moça obrigada a tarefas menores, um país que cometeu o erro de eleger um político medíocre, um músico genial sem reconhecimento ­­– todos eles são, segundo a autora – Cinderelas – um espécie de mergulho no Inferno antes da redenção. Cinderela seria então o arquétipo do Hamlet e, mais ainda, da Divina Comédia – de fato, o sétimo capítulo se dedica a mostrar o paralelo entre a historinha [aparentemente] infantil e a obra-prima de Dante.

Cinderela, Cinderela, Sobrenome Cinderela! – o livro fecha exatamente com as más experiências infantis de Miss Askepott – e de como as superou. E, como todas as histórias de superação, não deixa de ser mais uma história de Cinderela.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

028 – 22 de abril – “A História dos Inexistentes Espiões”, de Ludwig Philby

027 – 21 de abril – “Eisoptrofobia”, de Vicente Bioy-Gonzales

004 – 22 de março – “Querido, você esqueceu o filme-a-cores!”, de David Braunschweig